domingo, 6 de julho de 2014

A primeira vez da Margarida 100#

«(...) talvez por isso só sofra por amor quem se pode dar a esse luxo, quem tenha tempo para sofrer, quem tenha energia para chorar e um bom ouvinte a quem se possa lamentar dias a fio, enquanto os comuns mortais vão sobrevivendo como podem, demasiado preocupados com as contas para pagar, o futuro dos filhos, as doenças cronicas dos pais, o fantasma de deflação, os impostos, a consulta no hospital que nunca mais chega, o fim-de-semana é sempre curto, o feriado mais desejado, o dia do aumento, as desejadas semanas de ferias num apartamento exíguo junto a uma praia sobrepovoada onde os dias são passados entre sandes de atum com alface e litros de refrigerante e de cerveja, a discutir futebol com os amigos de sempre, enquanto as crianças tentam afogar umas as outras em manobras aparentemente inocentes. Afinal, sofremos de amor porque podemos.»
se calhar é isso...

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